
A quantidade de processos trabalhistas tem crescido de forma acelerada no Espírito Santo nos últimos anos, revelando uma mudança importante no comportamento dos trabalhadores e empregadores diante da Justiça do Trabalho. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), compilados pelo advogado Alberto Nemer, o número de novas ações apresentou um salto significativo desde 2022.
Naquele ano, foram registradas 51.070 novas ações na Justiça do Trabalho capixaba. Já em 2024, esse número saltou para 75.648 processos, representando um aumento de 48,1% em apenas dois anos.
O ritmo de crescimento continua em 2025. Até o dia 31 de julho, já foram protocoladas 46.257 novas ações trabalhistas. Mantido esse volume médio mensal, a expectativa é de que o total de processos em 2025 supere o recorde do ano anterior.
Reforma Trabalhista e o impacto dos honorários de sucumbência
Especialistas atribuem esse aumento expressivo a um fator-chave: os efeitos da Reforma Trabalhista de 2017. A nova legislação instituiu os chamados honorários de sucumbência, obrigando a parte derrotada a arcar com os custos dos advogados da parte vencedora.
A medida, na época da aprovação, causou receio entre os trabalhadores, que temiam entrar com ações e, caso perdessem, acumular dívidas com honorários advocatícios. Esse temor provocou, inicialmente, uma retração no número de processos trabalhistas. No entanto, esse cenário parece estar se revertendo.
De acordo com o advogado Alberto Nemer, o crescimento atual pode indicar maior confiança dos trabalhadores em relação às suas causas, além de uma maior conscientização sobre seus direitos. “É possível que as pessoas estejam mais informadas sobre como funcionam os honorários e mais seguras para recorrer à Justiça”, observa.
Tendência nacional?
Embora os dados apresentados sejam específicos do Espírito Santo, a tendência pode refletir um movimento mais amplo em nível nacional. O aumento da judicialização das relações de trabalho, impulsionado por fatores econômicos, mudanças na legislação e conflitos no ambiente profissional, segue como tema de debate entre juristas, sindicatos e representantes do setor empresarial.
Com informações de: Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
Fonte original: @agazetaes