
O Conselho Federal de Medicina (CFM) anunciou que, até o fim de 2025, uma ferramenta baseada em Inteligência Artificial (IA) será usada para monitorar redes sociais e identificar perfis falsos de supostos médicos que aplicam golpes em pacientes no Brasil.
A tecnologia, segundo o vice-presidente do CFM, Jeancarlo Cavalcante, analisará publicações, interações e conteúdos nas redes sociais a partir de denúncias já existentes. As informações serão cruzadas com os bancos de dados oficiais do Conselho, permitindo a identificação de irregularidades e pessoas que exercem ilegalmente a Medicina.
“Vamos ampliar a detecção de falsos médicos e avançar na identificação de fraudes”, afirmou Cavalcante.
A ferramenta estará disponível para os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) de todo o país, que poderão utilizar as informações verificadas para alertar a sociedade por meio de seus canais oficiais.
Proteção às populações vulneráveis
De acordo com Carlos Magno Dalapicola, conselheiro do CRM do Espírito Santo (CRM-ES), a iniciativa ajudará principalmente a proteger pessoas mais vulneráveis, como idosos e pessoas com baixa escolaridade, alvos frequentes de golpistas.
Esses falsos profissionais costumam oferecer consultas por preços muito baixos, como R$ 20, e prescrever tratamentos sem fundamento, o que coloca em risco a saúde dos pacientes.
A nova IA também ajudará a identificar casos mais complexos de falsidade ideológica, como pessoas com graduação incompleta em Medicina, uso de registros falsos ou até mesmo roubo de identidade de médicos registrados.
Publicidade médica irregular também será fiscalizada
A ferramenta também auxiliará no combate a práticas irregulares de publicidade médica. Segundo a advogada especialista em Direito Médico, Katia Tinoco, profissionais que descumprem as normas éticas do CFM podem ser punidos com advertência, suspensão ou até cassação definitiva do direito de exercer a Medicina no Brasil.
Entre as infrações mais comuns, estão:
-
Divulgação de promoções médicas (proibidas por tratar a Medicina como comércio);
-
Autopromoção, como se declarar “o melhor” ou “o mais experiente”;
-
Promessas de resultado, o que é vedado, já que tratamentos variam de paciente para paciente;
-
Uso de imagens e depoimentos de pacientes sem autorização;
-
Omissão do número de registro no CRM;
-
Apresentar-se como especialista sem ter Registro de Qualificação de Especialista (RQE);
-
Divulgação de informações médicas falsas ou não reconhecidas pelos CRMs.
Como denunciar
Cidadãos que identificarem perfis suspeitos ou golpistas podem denunciar ao CRM de seu estado. No Espírito Santo, por exemplo, a denúncia pode ser feita por meio do site www.crmes.org.br/denuncia, incluindo dados como nome, perfil da rede social, data e provas do ocorrido.
Segurança dos dados
A Resolução CFM nº 2.336/2023 obriga médicos e clínicas a informarem aos pacientes sobre o uso de seus dados pessoais: por que estão sendo coletados, onde serão armazenados e como será garantida sua segurança.