
O Irã anunciou a assinatura de um acordo bilionário com a Rússia para a construção de quatro novas usinas nucleares no sul do país, marcando um novo capítulo na já consolidada cooperação energética entre os dois países. O contrato, avaliado em US$ 25 bilhões, foi divulgado nesta sexta-feira (26) pela agência estatal iraniana IRNA.
Segundo a publicação, as novas unidades nucleares serão construídas na cidade costeira de Sirik, na província de Hormozgan, com o apoio técnico da Rosatom, estatal russa que detém o monopólio da energia nuclear na Rússia. As instalações serão do tipo “terceira geração avançada”, com foco em maior eficiência e segurança operacional.
O anúncio ocorre em um momento delicado da política internacional, com o programa nuclear iraniano sob constante vigilância por parte da comunidade internacional. Apesar disso, o Irã afirmou recentemente, em discurso na Assembleia Geral da ONU, que não tem intenção de desenvolver armas nucleares.
📌 Parceria estratégica
A Rosatom, além de construir usinas em diferentes partes do mundo, também atua no enriquecimento de urânio — uma das etapas mais sensíveis do ciclo do combustível nuclear. Na última quarta-feira (24), a empresa também informou ter assinado um memorando de entendimento com o Irã para o desenvolvimento de pequenas usinas nucleares, durante a Semana Atômica Mundial, em Moscou.
Apesar da magnitude do acordo, ainda não há uma data definida para o início ou conclusão das obras em Sirik.
🌍 Impactos geopolíticos e energéticos
A parceria entre Teerã e Moscou fortalece o eixo de cooperação entre dois países frequentemente alvos de sanções internacionais — especialmente em temas ligados à energia, segurança e armamento. Para o Irã, o projeto representa um impulso estratégico rumo à autossuficiência energética, especialmente em um cenário de crescentes pressões externas e instabilidade econômica.
Já para a Rússia, o acordo reforça sua presença geopolítica no Oriente Médio, ao mesmo tempo em que expande sua influência no setor nuclear global, consolidando a Rosatom como principal fornecedora de tecnologia e infraestrutura nuclear em países fora da esfera ocidental.
Especialistas alertam, no entanto, para possíveis repercussões no cenário diplomático internacional. “Trata-se de um movimento que pode preocupar países como os Estados Unidos, Israel e membros da União Europeia, que acompanham de perto o avanço nuclear iraniano”, avalia um analista ouvido pela CNN.
⚠️ Sanções e desconfianças
O Irã ainda enfrenta a ameaça do retorno de sanções da ONU relacionadas ao seu programa nuclear, e qualquer avanço significativo em infraestrutura atômica tende a gerar reações por parte de organismos internacionais e países que participam do Acordo Nuclear de 2015 (JCPOA), atualmente suspenso.
Apesar das garantias oferecidas pelo governo iraniano, a construção de novas usinas nucleares sempre levanta dúvidas sobre possíveis desvios de finalidade — sobretudo em um contexto de baixa transparência e limitações à atuação de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Resumo: o que esperar do acordo?
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Fortalecimento da relação estratégica Irã–Rússia
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Avanço tecnológico e energético no Irã
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Possíveis tensões diplomáticas com o Ocidente
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Reflexos no equilíbrio geopolítico do Oriente Médio