
Moradores chegaram a atear fogo em algumas casas na Vila Esperança Crédito: Fernando Madeira
A reintegração de posse na Ocupação Vila Esperança, localizada em Vila Velha, teve início na manhã desta terça-feira (9) com momentos de tensão. Durante a operação, moradores chegaram a incendiar casas como forma de protesto para tentar impedir as demolições. A área é alvo de disputa judicial desde 2019.
A ação é conduzida por equipes da Polícia Militar — incluindo o Batalhão de Missões Especiais (BME) e agentes da cavalaria — com o apoio da Guarda Municipal. A ordem de desocupação foi determinada pela 6ª Vara Cível de Vila Velha e referendada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Oficiais de Justiça acompanham os militares, realizando vistorias nas casas para garantir que não haja moradores antes do início das demolições. Até o momento, apesar do clima de tensão, não foram registradas resistências violentas nem necessidade de uso de força por parte da polícia.
Segundo estimativa da Defensoria Pública do Estado, mais de 700 famílias vivem na ocupação. A líder comunitária Adriana Paranhos relatou o desespero dos moradores diante da falta de opções para onde ir.
“Nossa comunidade não tem preparo para uma grande resistência, mas muitos moradores não querem sair de forma alguma”, afirmou.
Na tentativa de mitigar os impactos da desocupação, o governo do Estado e a Prefeitura de Vila Velha anunciaram um programa de aluguel social no valor de até R$ 3,6 mil por família. No entanto, o advogado que representa os moradores, Robson Lucas, criticou a condução do processo.
“Essa situação evidencia o fracasso da política habitacional. Não há garantias para todas as famílias e muitos não têm para onde ir. O auxílio oferecido não é suficiente”, declarou.
A cobertura fotográfica da ação, feita por Fernando Madeira, registrou o momento em que as chamas tomaram conta de algumas residências, ilustrando o cenário dramático que se formou durante o cumprimento da decisão judicial.