
O governo federal anunciou a criação de uma nova linha de crédito para reformas habitacionais, com juros subsidiados e condições facilitadas para famílias de baixa e média renda. A iniciativa, que conta com um subsídio estimado em R$ 7,3 bilhões, visa estimular melhorias em moradias por meio de financiamentos com taxas bem abaixo do praticado no mercado.
A expectativa do Executivo é liberar até R$ 30 bilhões em empréstimos até 2026. O valor será destinado principalmente às famílias com renda de até R$ 9.600 por mês, contempladas nas faixas 1 e 2 do programa. Os recursos virão do Fundo Social do Pré-Sal, abastecido com receitas da exploração de petróleo.
A medida é uma das apostas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ampliar sua base de apoio, especialmente em ano pré-eleitoral.
Como funciona o programa?
A linha de crédito será dividida em três faixas, com diferentes condições de juros:
🟢 Faixa 1
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Renda familiar: até R$ 3.200
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Juros: até 1,17% ao mês
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Garantia: Cobertura do FGHab (Fundo Garantidor da Habitação Popular) para casos de inadimplência
🟡 Faixa 2
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Renda familiar: entre R$ 3.200,01 e R$ 9.600
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Juros: até 1,95% ao mês
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Garantia: Não conta com FGHab, mas ainda tem acesso ao crédito subsidiado
🔴 Faixa 3
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Renda familiar: acima de R$ 9.600
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Juros: taxa de mercado
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Recursos: Financiamentos com capital próprio das instituições financeiras
Prazos e condições
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Prazo para pagamento: até 60 meses
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Carência: até 180 dias para começar a pagar
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Operação dos financiamentos: será feita principalmente pela Caixa Econômica Federal
Como funciona o subsídio?
O subsídio ocorre porque o dinheiro do Fundo Social será emprestado aos bancos com taxas extremamente baixas, permitindo que as instituições ofereçam crédito às famílias a juros reduzidos. Do valor pago pelas famílias:
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Apenas 0,17 ponto percentual ao mês vai para o fundo (2% ao ano)
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O restante remunera os bancos, que assumem o risco da operação
Esse subsídio é implícito, ou seja, não aparece no Orçamento nem impacta diretamente as regras fiscais, mas contribui para o aumento da dívida pública.
Comparação com o mercado
Atualmente, o juro médio do crédito pessoal não consignado é de 6,14% ao mês, segundo o Banco Central. Na nova linha, famílias da faixa 1 pagarão 1,17% ao mês — quase cinco vezes menos.
Objetivo político e social
A criação dessa linha de crédito foi anunciada por Lula em março, com o discurso de que “as pessoas querem fazer um puxadinho, um banheiro, um quartinho a mais”. A política é vista como um movimento estratégico para aumentar a popularidade do governo, especialmente entre famílias que buscam melhorar sua moradia, mas enfrentam dificuldades de acesso ao crédito tradicional.
A articulação envolveu os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Jader Filho (Cidades), além dos presidentes do Banco Central, Caixa e Banco do Brasil.
Resumo das Regras do Programa
Faixa | Renda Familiar | Juros Máximos | Garantia |
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1 | Até R$ 3.200 | 1,17% ao mês | FGHab |
2 | R$ 3.200,01 a R$ 9.600 | 1,95% ao mês | Sem garantia |
3 | Acima de R$ 9.600 | Taxa de mercado | Recursos próprios |
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Valor total disponível (faixas 1 e 2): R$ 30 bilhões
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Prazo: até 60 meses
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Carência: até 180 dias
Expectativa
Se houver grande adesão da faixa 3, o volume total de contratações poderá ultrapassar os R$ 30 bilhões inicialmente previstos. A linha de crédito poderá ser um dos principais pilares da política habitacional do governo Lula nos próximos anos.