
Nova funcionalidade permitirá que consumidores parcelem pagamentos via Pix com operação de crédito pré-aprovado
O Banco Central (BC) deve regulamentar até o final deste mês o Pix Parcelado, uma funcionalidade que permitirá aos consumidores dividir o valor de uma compra ou transferência via Pix. Embora já esteja disponível em algumas instituições financeiras, a medida traz padronização nacional, mais transparência e promete estimular o uso do Pix em compras de maior valor.
A novidade chega em um momento em que o Pix, lançado em 2020, já acumula mais de R$ 76,2 trilhões movimentados e 176,4 bilhões de transações, de acordo com dados da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
📌 O que é o Pix Parcelado?
O Pix Parcelado é uma operação de crédito vinculada ao sistema de pagamentos instantâneos. Ele permite que o usuário faça um pagamento mesmo sem saldo disponível em conta, dividindo o valor em parcelas com ou sem juros, a depender das condições da instituição financeira.
A funcionalidade poderá ser utilizada tanto em compras quanto em transferências, e o recebedor recebe o valor integral à vista, como ocorre com o Pix tradicional. Já o pagador assume uma dívida com o banco ou fintech, que será quitada em parcelas mensais.
✅ Como vai funcionar?
Para utilizar o Pix Parcelado, o cliente precisa ter uma linha de crédito pré-aprovada com sua instituição financeira. Não é necessário possuir cartão de crédito. A transação é feita de forma instantânea e transparente.
Durante o processo de pagamento, o consumidor poderá visualizar:
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Quantidade de parcelas disponíveis
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Taxas de juros aplicadas
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Custo efetivo total (CET)
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Termos e condições do contrato de crédito
Ao confirmar o parcelamento, o usuário contrai uma dívida com o banco e passa a pagar as parcelas conforme o acordo.
👥 Quem pode usar?
A funcionalidade estará disponível apenas para clientes de instituições que optarem por oferecer o Pix Parcelado, já que a oferta é facultativa. Além disso, é necessário ter crédito aprovado pela instituição.
A Febraban destaca que a modalidade pode se tornar uma alternativa ao cartão de crédito, especialmente em situações em que o consumidor não tem limite disponível ou não possui cartão.
⚖️ Ponto de atenção: crédito ou transferência?
A proposta tem gerado debates. O Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) manifestou preocupação com a vinculação da marca Pix a uma operação de crédito, o que poderia confundir os consumidores.
“A marca Pix foi construída com base na instantaneidade, simplicidade e gratuidade. Associá-la a um produto de crédito com juros, encargos e contratos pouco transparentes coloca em risco a confiança do usuário no sistema”, afirmou o instituto em nota.
Segundo o Idec, há risco de o consumidor acreditar que está apenas fazendo um Pix parcelado, quando na verdade está contratando um empréstimo com juros e encargos, muitas vezes sem perceber os custos reais.
💬 O que dizem as instituições financeiras?
Para representantes do setor financeiro, a regulamentação trará benefícios claros para consumidores, lojistas e bancos. Segundo Gilmar Hansen, vice-presidente sênior do RecargaPay, o Pix Parcelado é um “Pix com empréstimo, tudo de uma vez só”, com condições claras e possibilidade de comparação.
“Agora o consumidor tem mais um método de pagamento claramente explicado, com simulações e aprovação consciente. Isso facilita o acesso ao crédito e evita que o consumidor perca oportunidades comerciais por falta de saldo ou limite no cartão”, afirmou Hansen.
Ele destaca ainda que a padronização do BC trará mais segurança jurídica e operacional para os bancos.
🧠 Cuidados ao usar o Pix Parcelado
A Serasa alerta que, como qualquer linha de crédito, o Pix Parcelado exige responsabilidade. Veja os principais cuidados:
⚠️ Pontos de atenção:
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Compare os juros: Cada instituição aplica taxas diferentes. Algumas fintechs podem oferecer parcelamento sem juros, mas essa não é a regra.
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Evite compras por impulso: Parcelar supérfluos pode gerar dívidas desnecessárias e comprometer o orçamento.
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Planeje as parcelas: Certifique-se de que o valor mensal cabe na sua renda.
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Simule antes de confirmar: Sempre faça a simulação do total da dívida antes de finalizar o pagamento.
📈 Impacto esperado
O Banco Central espera que a nova funcionalidade aumente o volume de transações no Pix e ajude a impulsionar o consumo, especialmente em compras de valor mais alto, que muitas vezes dependem de parcelamento via cartão de crédito.
Com a regulamentação oficial, espera-se também uma maior padronização entre as instituições, evitando distorções de mercado, como diferenças excessivas de taxas e regras de crédito.
🔎 Conclusão
A chegada do Pix Parcelado representa uma evolução importante no sistema de pagamentos brasileiro, oferecendo mais uma opção de crédito direto ao consumidor. No entanto, exige educação financeira, clareza na contratação e uso consciente para que não se torne mais uma porta de entrada para o endividamento.
A regulamentação do Banco Central é aguardada até o final de setembro e deve detalhar as diretrizes técnicas e legais que todas as instituições deverão seguir.
Fonte: CNN