
Empresa em Vitória simulava venda de financiamentos de veículos, mas enganava clientes com modelo fraudulento de consórcio. Mais de 60 contratos foram identificados, somando R$ 150 mil em prejuízos.
Dois homens, de 25 e 26 anos, foram presos na última quinta-feira (25) após a Polícia Civil do Espírito Santo descobrir um esquema de golpe financeiro disfarçado de venda de financiamentos de veículos. A operação resultou na interdição da empresa “Ômega Investimentos”, localizada em Gurigica, bairro de Vitória.
Segundo a Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), a dupla usava propaganda enganosa para atrair clientes e aplicava uma espécie de pirâmide financeira camuflada como consórcio, prometendo a entrega de bens que nunca eram realizados.
Reincidentes no crime
A polícia identificou que os dois suspeitos já haviam praticado crimes semelhantes no ano anterior, durante a Operação Consórcio Fake, quando atuavam com a empresa “Santa Clara Investimentos”. Na ocasião, um deles foi preso e o outro respondia em liberdade.
Mesmo após as investigações, a dupla voltou a atuar no mesmo tipo de golpe, mas agora utilizando a fachada de financiamento. Segundo a polícia, os suspeitos não possuíam autorização para operar consórcios ou financiamentos.
Como funcionava o golpe
A empresa oferecia financiamentos de veículos por meio de marketplaces e redes sociais, com valores de entrada entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. Porém, em vez de um financiamento real, os consumidores eram inseridos em um sistema chamado pelos golpistas de “fila de aquisição de bens”, que não tinha nenhum respaldo legal.
Na prática, os valores pagos não eram revertidos em nenhum bem. Não havia sorteios, contemplações nem qualquer mecanismo típico de um consórcio. O Procon constatou que o modelo era inexistente e fraudulento, configurando uma pirâmide financeira.
Manual de como enganar clientes
Durante a operação conjunta entre a polícia e o Procon, foram localizados mais de 60 contratos assinados com vítimas, totalizando cerca de R$ 150 mil em prejuízos.
Também foi apreendido um documento interno chamado “Manual do Cliente Explosivo”, onde os criminosos ensinavam técnicas para enganar os consumidores. O conteúdo incluía orientações para:
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Desligar ligações de clientes insatisfeitos,
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Evitar reembolsos,
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Realizar abordagens coercitivas para forçar vendas,
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Impedir que vítimas recorressem aos seus direitos.
Segundo Fabrício Pangotto, diretor de Fiscalização do Procon Estadual, a dupla já estava começando a treinar novos golpistas, ampliando a atuação da fraude.
Prisões e penalidades
Com base nas denúncias e nas provas reunidas, a justiça revogou a liberdade condicional de um dos envolvidos. A empresa foi interditada, e tanto o proprietário quanto o gerente foram presos.
Eles foram indiciados por:
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Crimes contra as relações de consumo (pena de 2 a 5 anos de prisão),
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Estelionato,
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E podem também responder por formação de organização criminosa.
Além disso, o descumprimento do Código de Defesa do Consumidor pode resultar em multas de até R$ 1 milhão, dependendo do prejuízo causado.
Como se proteger de golpes semelhantes
O Procon orienta que os consumidores fiquem atentos a promessas exageradas e ofertas muito vantajosas. Antes de fechar qualquer contrato:
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Pesquise a reputação da empresa em sites como Reclame Aqui e Consumidor.gov.br;
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Desconfie de propostas que exigem pagamento adiantado sem garantias reais;
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Exija contrato detalhado e registrado;
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E, sempre que possível, prefira empresas consolidadas no mercado.
“Desconfie de produtos baratos demais. Verifique sempre a procedência e evite cair em promessas fáceis”, alerta Pangotto.