A intensificação da pressão militar dos Estados Unidos no Caribe reacendeu especulações sobre uma possível fuga de Nicolás Maduro da Venezuela. Embora o ditador negue qualquer plano de deixar o país e declare “lealdade absoluta” ao povo venezuelano, autoridades americanas insistem para que ele busque refúgio em outra nação — inclusive permitindo que viaje acompanhado da família.
O Departamento de Justiça dos EUA oferece uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão do líder venezuelano, acusado de participação em organizações criminosas, como o grupo Tren de Aragua.
Diante da escalada de tensão, especialistas em relações internacionais apontam quais países estariam mais propensos a receber Maduro em caso de fuga. Segundo apuração da CNN Brasil, quatro destinos surgem como mais prováveis.
Turquia: parceria estratégica e resistência a pressões
A relação entre Venezuela e Turquia se intensificou nos últimos anos, especialmente no comércio de ouro — que alcançou cerca de US$ 1 bilhão em 2022. O fluxo gerou críticas de países ocidentais, que acusam Ancara de facilitar o envio do metal ao Irã, violando sanções internacionais.
Para a professora Denilde Holzhacker, da ESPM, a Turquia se mostra “menos suscetível a pressões externas”, o que faz do país um possível refúgio para Maduro. No entanto, o tratado de extradição entre turcos e norte-americanos pode pesar contra essa opção.
Irã: alinhamento ideológico e rivalidade comum com os EUA
Caracas e Teerã mantêm cooperação estreita, selada por um acordo estratégico de 20 anos. Além de interesses econômicos, os dois países compartilham um forte sentimento antiamericano.
Segundo o professor Marcus Vinicius de Freitas, da China Foreign Affairs University, a Venezuela é parte importante da estratégia iraniana de contenção aos EUA, o que tornaria natural o Irã oferecer abrigo a Maduro. Teerã também já ajudou Caracas a furar bloqueios econômicos no passado.
Rússia: segurança garantida e pouca preocupação com sanções
A Rússia é apontada como o destino mais seguro para Maduro. Moscou e Caracas mantêm cooperação militar e diplomática, e compartilham a retórica anti-Ocidente. Para especialistas, a Rússia não teria receio de receber Maduro mesmo sob risco de novas sanções, já que o país enfrenta isolamento internacional desde a guerra no Leste Europeu.
Além disso, a estrutura estatal russa oferece condições robustas de proteção. Moscou também tem histórico de receber líderes aliados em momentos de crise, como ocorreu recentemente com o ditador sírio Bashar al-Assad.
Cuba: o aliado histórico, mas muito perto dos EUA
Cuba sempre foi um dos parceiros mais próximos da Venezuela, especialmente após os investimentos bilionários enviados pelo chavismo para sustentar a economia cubana. A afinidade ideológica torna a ilha um destino natural para Maduro.
Apesar disso, a geografia pesa contra: Havana está a apenas 150 quilômetros da Flórida, o que reduziria a segurança do ditador diante da pressão norte-americana.
Brasil deixa de ser opção
O Brasil, no passado considerado um possível destino por proximidade política com o regime chavista, hoje está fora da lista. A relação entre Brasil e Venezuela se desgastou após o Itamaraty recusar-se a reconhecer o resultado das eleições venezuelanas sem a apresentação das atas de votação.
Além disso, o Brasil é signatário do Estatuto de Roma, o que obriga o país a prender Maduro caso seja emitido um mandado de prisão pelo Tribunal Penal Internacional — onde ele é investigado por crimes contra a humanidade.
