
O Ministério da Saúde anunciou uma ampliação significativa no rastreamento do câncer de mama pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de outubro, mulheres entre 40 e 49 anos poderão realizar mamografias mesmo sem apresentar sinais ou sintomas da doença, mediante decisão conjunta com um profissional de saúde.
Até então, o exame era indicado rotineiramente apenas para mulheres entre 50 e 69 anos, a cada dois anos. Agora, além da inclusão do grupo de 40 a 49 anos, a nova diretriz também eleva o limite superior para 74 anos, ampliando o alcance do rastreamento mamográfico no país.
A medida faz parte de um conjunto de novas diretrizes para a detecção precoce do câncer de mama, que também inclui novos equipamentos, ampliação de medicamentos oferecidos no SUS e atualização dos protocolos clínicos.
Rastreamento por mamografia: o que muda?
Antes:
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Mamografia preventiva recomendada para mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos.
Agora:
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Mulheres de 40 a 49 anos poderão fazer o exame mesmo sem sintomas, mediante avaliação médica.
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Faixa etária para mamografia preventiva passa de 69 para 74 anos.
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Exame pode ser feito “sob demanda”, conforme indicação do profissional de saúde.
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Pacientes devem ser orientadas sobre os benefícios e possíveis desvantagens do rastreamento precoce.
Acesso no Espírito Santo
No Espírito Santo, a ampliação já está em vigor desde outubro de 2024. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a mamografia é recomendada a partir dos 40 anos, a cada dois anos, mesmo sem sintomas.
O exame é solicitado na Unidade Básica de Saúde (UBS) durante consultas com médicos da família ou enfermeiros. Caso seja detectada alguma anormalidade, a paciente é encaminhada para atendimento especializado.
Impacto da medida na saúde feminina
Segundo especialistas, a decisão do Ministério da Saúde pode salvar milhares de vidas ao permitir o diagnóstico precoce da doença. O câncer de mama é o tipo mais comum entre mulheres no Brasil e a principal causa de morte oncológica feminina. Em 2022, foram registradas cerca de 19 mil mortes pela doença no país.
“Essa faixa etária [40 a 49 anos] representa cerca de 25% dos casos de câncer de mama no Brasil. Incluir essas mulheres no rastreamento é uma forma de alinhar a política pública à realidade epidemiológica do país”, destacou a oncologista Aurenivea Cazzotto, da clínica Ellas Oncologia.
A mastologista e especialista em radiologia mamária Karolline Abreu Vilela também celebrou a mudança:
“Ampliar o rastreamento significa aumentar as chances de diagnóstico precoce e, consequentemente, a sobrevida das pacientes.”
Exemplo de vida: o poder do diagnóstico precoce
A administradora Scheyla Junca, 51 anos, é um exemplo claro da importância do diagnóstico precoce. Em 2018, ela descobriu um câncer de mama agressivo mesmo após ter feito exames de rotina meses antes.
“Se estou viva, é porque fiz o exame. O medo não pode ser de descobrir cedo, mas sim de descobrir tarde demais”, afirmou.
Scheyla passou por quimioterapia, mastectomia e reconstrução mamária em menos de um ano. Hoje, segue em acompanhamento a cada seis meses.
Novos investimentos e medicamentos
Além da ampliação no rastreamento, o governo federal anunciou:
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Aquisição de 60 kits de biópsia estereotáxica, com investimento de R$ 120 milhões.
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Inclusão de novos medicamentos no SUS, como:
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Trastuzumabe entansina: indicado para pacientes com câncer de mama que não responderam totalmente à quimioterapia pré-cirúrgica.
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Inibidores de ciclinas (abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe): usados no tratamento de câncer de mama avançado ou metastático.
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Saiba mais e procure sua UBS
Para realizar a mamografia pelo SUS, procure sua Unidade Básica de Saúde (UBS). O exame é gratuito e pode ser solicitado mesmo sem sintomas, conforme avaliação médica.
A detecção precoce aumenta significativamente as chances de cura e reduz a mortalidade por câncer de mama.
Fonte: TRIBUNA OLINE