
O uso crescente de bicicletas elétricas nas grandes cidades brasileiras tem gerado preocupação entre autoridades e especialistas em segurança no trânsito. A falta de regulamentação clara e de fiscalização eficaz vem contribuindo para o aumento de acidentes, muitos deles envolvendo adolescentes conduzindo os veículos de forma imprudente.
O caso mais recente e que tem repercutido nas redes sociais ocorreu em Colatina (ES), onde um adolescente foi internado em estado grave após perder o controle de uma bicicleta elétrica com defeito. O jovem, que usava o veículo emprestado de um amigo, descia um morro quando não conseguiu frear e colidiu contra um muro. Ele não usava capacete e sofreu traumatismo craniano.
De acordo com o pai do adolescente, o filho sabia que os freios estavam danificados, mas decidiu usar a bicicleta mesmo assim.
Dados preocupam
Segundo informações do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), apenas até a primeira quinzena de agosto, foram registrados 114 atendimentos relacionados a acidentes com bicicletas elétricas no Espírito Santo. A maioria dos casos ocorreu em:
-
Vila Velha: 54 atendimentos
-
Vitória: 22 atendimentos
-
Serra: 12 atendimentos
-
Guarapari: 5 atendimentos
-
Cariacica: 4 atendimentos
Embora o uso de capacete ainda não seja obrigatório por lei, autoridades de trânsito recomendam fortemente o equipamento como forma de prevenir ferimentos graves.
Falta de preparo e fiscalização
Especialistas apontam que o problema vai além da ausência de leis: falta educação no trânsito e conscientização por parte dos usuários e seus responsáveis. Muitos adolescentes dirigem bicicletas elétricas sem qualquer preparo, desrespeitando regras básicas como o uso da faixa correta, respeito à sinalização e cuidados com a manutenção do veículo.
Em muitos casos, pais e responsáveis permitem que menores usem bicicletas elétricas sem supervisão, contribuindo para o risco nas vias. “O que falta é educação e responsabilidade. Esperamos que não seja necessário esperar por mais tragédias para que algo mude”, afirma um agente de trânsito ouvido pela reportagem.
O que dizem as autoridades
Apesar de existirem algumas recomendações, ainda não há uma regulamentação unificada para o uso de bicicletas elétricas em nível nacional. Enquanto isso, cresce a pressão para que os governos municipais e estaduais criem normas específicas, como idade mínima para condução, exigência de capacete e manutenção obrigatória dos veículos.